terça-feira, 3 de maio de 2016

Antologia do quadrinho underground cearense - Seres Urbanos (1991-1998)



Em abril de 2015, foi lançada a "Antologia do quadrinho underground cearense - Seres Urbanos (1991-1998)", que registra uma parte da produção do grupo Seres Urbanos, formado por artistas de diferentes formações: Weaver, Marcílio, Elvis, Lupin,m Kaos, Galba e Mychel – com colaborações de artistas convidados pelo grupo. Primeiro, o lançamento ocorreu na Livraria Cultura, no dia 09; nessa ocasião não pude ir. Mas depois no dia 25 de abril, o livro foi lançado no Sobrado Dr. José Lourenço, no Centro de Fortaleza, com a abertura da exposição: “SERES URBANOS fanzines 90's”; dessa vez eu fui, comprei o livro, revi amigos, conversei e ouvi histórias ótimas (e também engraçadas) num bate-papo que me fez voltar para a Fortaleza dos anos 90, quando convivia comprando as artes gráficas e os zines dos Seres Urbanos. Alguns dos componentes do grupo falaram sobre a cena dos quadrinhos na cidade no período em que se iniciaram, se conheceram e se juntaram no grupo Seres Urbanos.

 Fiquei com a Antologia alguns dias intocada em casa, já que tinha uma pilha de livros para terminar e que diziam respeito ao meu trabalho. Mas, então, resolvo num dia pegar o livro só para começar a leitura. Acontece que não parei mais. Não consegui. Resultado: em menos de 24 horas, parei tudo o que estava fazendo e li com voracidade o livro todo, que por sinal tem o registro incrível de um bate-papo entre os Seres Urbanos, de quem comprei muito material gráfico e zines (alguns até ganhei).
O livro é uma lindeza: num formato que eu chamaria de álbum (21 x 30 cm), a capa já é uma obra para pôr na parede (na verdade estava na parece em um dos espaços ocupados pela exposição no Sobrado Dr. José Lourenço). Todo em preto e branco, muitas páginas me fizeram reconhecer muito do que comprei ao grupo, no local onde o pessoal trabalhava ou em eventos (show, exposições, festivais...) nos quais alguns deles ou todos eles apareciam, urbanoides que são.

Mas não é só isso: a variedade da produção selecionada para a Antologia acompanha a diversidade de formações, gostos e talentos de um coletivo (quando ainda nem se sonhava em usar essa palavra de maneira tão natural para caracterizar um grupo de pessoas envolvas numa mesma ideia com semelhantes objetivos de produção criativa). No livro, tem fotografias, colagens, xerox de colagens, desenhos, charges, tirinhas, histórias em quadrinhos, contos gráficos, experimentos com a linguagem do design gráfico, zines... Deu muita vontade de voltar para os anos 90. Muita mesmo.





Em 2016, depois de ir ver a exposição Rastro, do Weaver (um dos artistas e um dos principais articuladores dos Seres Urbanos), no Espaço Caixa Cultural, em Fortaleza, voltei ao livro, para reler com mais calma dessa vez. Ao terminar a leitura de um livro como esses, puxei a brasa para a sardinha da minha atuação como professor universitário da área de língua portuguesa e fiquei imaginando o que um professor de português de mente aberta e criatividade ilimitada (sem peias, como deveria ser) faria com um material desses: com tantos gêneros textuais multimodais diferentes, que tipo de atividade prepararia? Com tanta variedade de traços e experimentos gráficos, que tipo de projeto textual-gráfico criaria junto com seus alunos? Com tanta variedade de histórias, discursos e possibilidades de linguagens, o que ele proporia como desafio de criação textual-visual para seus alunos? Fiquei só imaginando...


Texto e fotos: Miguel Leocádio Araújo



SERES URBANOS. Antologia do quadrinho underground cearense – Seres Urbanos (1991-1998). Ceará: SEBO, 2015.

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