sexta-feira, 15 de julho de 2016

2 EVENTOS ACADÊMICOS EM QUIXADÁ-CE




O Mestrado Interdisciplinar de História e Letras (MIHL), da Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central (FECLESC/UECE) sediará em Quixadá a I Jornada Interdisciplinar de História e Letras e o I Colóquio de História Social dos Sertões, entre os dias 10 e 14 de outubro. As inscrições vão até o dia 03.09. Mais informações no site do evento aqui.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

TODAS AS INFÂNCIAS EM UMA RACHEL



Em A casa dos benjamins, de Socorro Acióli, uma menina, Flora, conhece uma simpática senhora. Depois vem a saber: é Rachel de Queiroz. Juntas, visitam a hoje famosa casa onde a escritora cearense esboçou sua obra inaugural, O Quinze. Magicamente, uma Rachel idosa conduz a criança às imagens do passado, em que das palavras surgem cenas que se materializam no ar, compondo a atmosfera sofrida de um dos romances fundamentais da ficção nordestina da chamada Geração de 30.
A metáfora criada por Socorro Acióli não poderia ser mais apropriada: Rachel se aproximando da infância, tendo a literatura como vetor do trânsito entre presente e passado, entre o adulto e a criança. Este aspecto atravessa toda a obra da escritora, ora como uma espécie de reconstrução da experiência de formação da personalidade, ora como uma construção do espaço afetivo para elaborar espantos diante da percepção das coisas e do mundo.



É nesta perspectiva que se pode entender a “tangerine-girl”, personagem-título de um dos contos mais belos de Rachel. Nele, uma menina, em lances ágeis de uma imaginação irrequieta, vivencia sua primeira experiência com o outro, com o estranho (materializada pelo contato com os militares americanos e sua aeronave), no qual deposita sua possibilidade de emoção (a fantasia de estar sendo cortejada por um enamorado marinheiro), encontrando porém o desapontamento, fruto do experienciar um universo que não é seu.
Em As três Marias, a descoberta das coisas, da amizade e das relações sociais, nem sempre pautadas pela sinceridade ou pela cordialidade, encontra no espaço da escola o ambiente para a fabricação dos escudos que as futuras mulheres precisarão ter para impor sua subjetividade. E a criança, neste caso, não está livre das mazelas frequentemente atribuídas aos adultos, fazendo com que a narradora em dado momento afirme: “As crianças são ferozes, severas e absolutas como selvagens. Elas, menos que ninguém, compreendem e amam a inocência.”
Talvez este amor à inocência tenha colaborado na construção dos personagens crianças que aparecem de soslaio na secura de O Quinze, famintas, tristonhas, o olhar distante para um mundo no qual não se tem ânimo nem para fazer traquinagens. Centrado na experiência do sofrimento da fuga e do desvalimento, todo e qualquer personagem se apequena diante da magnitude do flagelo da seca, nivelando adultos e crianças à condição de arremedos de pessoa. Tal orientação romanesca não foi, de resto, individualizada na obra de Rachel, mas estava na maioria dos romancistas nordestinos de 30, que encontraram na infância uma confluência temática pouco repetida na literatura brasileira: Graciliano Ramos e os meninos de Vidas secas; Lins do Rego e seus meninos de engenhos; Jorge Amado e seus meninos capitães de areias, de ruas e ladeiras... Transfere-se para a prosa, assim, a experiência acumulada pela poesia das reminiscências de infância, sedimentada desde o Romantismo (quem não lembra “Meus oito anos”, de Casimiro de Abreu?) até a infância vertida em tintas modernistas de Bandeira e Drummond.
A infância comparece de forma variada na obra de Rachel, não constituindo uma imagem fixada rigidamente, mas em função das exigências da própria narrativa. Em Caminho de pedras, o garoto (filho de João Jaques e Noemi) fala pouco (muito mais com a mãe), mas tem a fundamental incumbência de comunicar a doença de Noemi ao pai. Curiosamente, neste romance, percebe-se (mesmo que não seja a temática central da obra) a variedade de experiências afetivas com a criança: ora o afeto domina, ora a repreensão; ora o menino brinca, sujo e descuidado; ora queda-se absorto diante da mãe acamada ou das conversas políticas do pai.
Essas experiências nos dão a dimensão da tentativa de Rachel de Queiroz em compor um quadro realista da infância na medida em que não se fixa em um modelo único de comportamento infantil, o que não lhe retira a condição de, como o Daniel de O menino mágico (um de seus livros infanto-juvenis), poder imaginar que para a criança qualquer mágica é possível. Porque poder ser criança é a própria mágica.

Miguel Leocádio Araújo

P.S.: Este artigo foi publicado no primeiro número da revista Letra, do jornal O Povo e da Fundação Demócrito Rocha, em meados de 2010, durante as comemorações do centenário de Rachel de Queiroz. O título original, que ora republico, tinha sido modificado para “Todas as infâncias da Rachel”, que constou na revista.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

COLÓQUIO SOBRE HIPERTEXTO, MULTILETRAMENTOS E MULTIMODALIDADES EM REDENÇÃO-CE





A Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) sediará o V Colóquio Nacional de Hipertexto (CHIP), cujo tema é Multiletramentos e multimodalidade: questões de ensino e de pesquisa. O Colóquio acontecerá nos dias 27 e 28 de outubro de 2016, em Redenção (CE).


Os grupos de trabalho nos quais os interessados podem se inscrever são os seguintes: Letramento acadêmico; Letramento digital e ensino de línguas estrangeiras; Letramento digital e ensino de língua materna; Letramento multimodal e crítico; e Letramento literário.

Inscrições com apresentação de trabalho: 01 a 30 de julho.
Inscrições como ouvintes: 01.07 a 30.08.

Mais informações no site do evento: http://www.unilab.edu.br/informacoes-gerais-chip/