sexta-feira, 23 de outubro de 2009

DE UMA PÁGINA DE ANA CAROLINA BEDÊ


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Alguns amigos conhecem as minhas descobertas atuais. Ou redescobertas. Le temps retrouvé, mas na perspectiva do futuro do presente, o que nem sempre é possibilidade, mas condição de existência.


Relendo Semana (São Paulo: Hedra, 2007), o projeto amarelo-ouro organizado por Natércia Pontes (cujos soluços escuto com o sangue pulsando, solidário), paro em duas linhas de Ana Carolina Bedê, que imediatamente serviriam de epígrafe a um roman-fleuve que nunca virei a escrever, por pura preguiça ou desconhecimento de causa. A “simpleza” (que tomo de empréstimo; com licença, Ana Carolina) das duas linhas me trouxe a sensação imediata de imaginar as possibilidades de beleza da fala que precisa ser completada, mas que permanece flutuando no silêncio da página. Veja só:


“Com a simpleza de seu brilho veio pedir.
― Brilha mais anel, mais, que ela te aceita.”
(Do conto “Será que algum dia vira canção?”, de Ana Carolina Bedê)


E virou canção no meu ouvido. E um espanto olhando pra folha.