Ganhei esse livro de presente da
Jamili Fialho em dezembro de 2016 – um ano difícil mas com suas veleidades
felizes. De lá pra cá, já o li 3 vezes. São crônicas e contos escritos a partir
de uma canção de Belchior, por diferentes autores, em diálogo com outros
gêneros (como a carta, o depoimento, o poema em prosa, entre outros). A ideia
veio de Ricado Kelmer, também organizador da coletânea e um dos escritores que
se reuniram para fazer essa homenagem aos 70 anos do compositor e cantor
cearense, completados em 2016. Os escritores, também cearenses, foram
provocados a produzir os textos, tendo em mente sua relação com a referida
canção – assim me pareceu.
O resultado é um livro bastante
heterogêneo em muitos sentidos. Não só pela diversidade de experiências
inscritas nos textos, como também de formatos, estilos e qualidade (e aqui vai
uma impressão bastante pessoal minha, enquanto leitor, que, de forma alguma, pretende
impor-se a quem quer que seja). Um exercício interessante que fiz na segunda
leitura foi ler o texto e ouvir a canção de Belchior selecionada para motivar a
escrita. É completamente diferente de ler só o texto, sem a contribuição da
música sendo escutada, mesmo que eu tivesse em mente a canção, o que aconteceu
na 1ª e na 3ª leituras. Algumas coisas fazem bastante sentido na relação do
texto com a música. Só por ter me provocado essa experiência, o livro já valeu
muito.
Destaco – por razões de identificação
pessoal – os textos de Ana Karla Dubiela (uma crônica que vincula o passado da
autora em sua relação com a canção “A palo seco” com o momento de golpe vivido no
momento em que ela escreveu, em tom poético mas também crítico), de Gero Camilo
(um conto que também abre dúvidas para o leitor elucubrar sobre vinculações possíveis
da canção “Na hora do almoço” com suas histórias de vida ou de pessoas próximas
a Gero, causando um impacto único no livro tanto como linguagem quanto como
enredo) e Thiago Arrais (uma crônica-depoimento – ou talvez uma ficção do eu – que
inventaria de modo bastante poético e pessoal a experiência vivida ao som de
Belchior, a partir da canção “Alucinação”): são os textos que mais tocaram.
KELMER, Ricardo (Organizador). Para Belchior com amor.
Fortaleza: Expressão Gráfica/Miragem: 2016.
P.S.: O livro agradou tanto que a 1ª edição se esgotou e já
está sendo preparada uma segunda tiragem. A fonte dessa informação é segura e
não revelo sob condução coercitiva nenhuma...
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